As vendas de veículos importados devem crescer cerca de 34% neste ano, porém, tudo depende do câmbio voltar ao patamar de cerca de R$ 3,35. Se o dólar se mantiver no nível atual, os números do setor devem ser revistos.

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), José Luiz Gandini, o câmbio é a maior preocupação dos importadores atualmente. “Os economistas projetam que o dólar vai fechar o ano em R$ 3,35, mas as empresas fecham negócios no curto prazo. Enquanto a moeda norte-americana estiver tão alta, nenhuma marca vai conseguir manter preços. Reajustes serão necessários”, afirma.

O cenário pode ficar ainda pior, porque o executivo avalia que a depreciação do real será o principal impacto da guerra comercial entre Estados Unidos e China para os importadores de automóveis. “Se os EUA aumentam as tarifas sobre produtos chineses, é normal que haja um aumento da inflação por lá, o que vai pressionar o Federal Reserve a elevar mais os juros. A consequência disso deve ser uma valorização do dólar frente às outras moedas”, prevê. “Não há um associado da Abeifa dormindo tranquilo com o dólar nesta trajetória.”

Apesar disso, Gandini entende que não será necessário rever as previsões ainda, porque não há nada definido e as empresas do setor ainda torcem para uma reversão dos fatores que levaram à apreciação da moeda norte-americana.

A Abeifa espera que as vendas de carros importados cheguem a 40 mil unidades em 2018, um crescimento de 34,45% em relação aos 29,7 mil veículos vendidos em 2017. Em termos de participação no mercado, a associação não espera mais do que 1,7% dentro das vendas totais no País.

Gandini disse ontem que o programa Rota 2030 poderia sair nesta sexta-feira (04), após reunião entre o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge, e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, para definir uma pauta a ser acertada com o Ministério da Fazenda e posteriormente sancionada pelo presidente Michel Temer.

“O principal ponto para nós é a previsibilidade. Não podemos ser pegos de surpresa como ocorreu em 2011”, destaca o presidente da Abeifa. Naquele ano, foi criado o programa Inovar-Auto, que estabeleceu cotas de importação para as marcas sem fábrica no Brasil e colocou uma sobretaxa de 30 pontos do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados.

No ano passado, a Organização Mundial do Comércio (OMC) chegou, inclusive, a condenar o Inovar-Auto, por entender que o programa feria as leis de livre comércio.

“O Rota 2030 é bem melhor que o Inovar-Auto, porque acabaram as travas. As marcas tinham uma cota limitada a 400 unidades por mês, o que prejudicou muitos empresários. A minha [Kia Motors] vendia 80 mil unidades por ano e a cota era de 4,8 mil, ou seja, 5% do que foi vendido. Isso causou o fechamento de 90 concessionárias no Brasil e vários grupos quebraram, mas isso é algo que está no passado”, complementa Gandini.

No primeiro quadrimestre de 2018, foram licenciadas 11,7 mil unidades importadas, uma alta de 43,9% sobre 2017.

Fonte: DCI

Sexta Feira - 04/05/2018

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