PEC Ataídes
Em março (dia 23), após as tristes revelações da Operação Carne Fraca – que ajudou a manchar mais ainda o nome do Brasil no exterior, já afetado pela Lava Jato –, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), no plenário, anunciou a apresentação de oportuna Proposta de Emenda à Constituição (PEC). O senador ficou indignado com o esquema de corrupção montado no caso da Carne Fraca, no Paraná, pelo superintendente do Ministério da Agricultura, indicado por político, como sempre ocorre em vários Estados. Essa emenda à Constituição “proíbe que cargos técnicos na administração federal e dos Estados possam ser preenchidos por indicação política”. Pode-se imaginar a dificuldade que o senador Ataídes está encontrando para conseguir a subscrição de 27 colegas para iniciar a tramitação da PEC. De fato, a iniciativa poderia ganhar força se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, líder do partido, se dispusesse a colaborar nessa louvável campanha. Aprovada essa PEC, seria dado importante passo na modernização dos portos brasileiros, com afastamento da barganha política.

Origem da humanidade
Em abril, foram descobertos na China, no distrito de Mianchi, Província de Henan, fósseis (crânios, arcadas dentárias etc.) de ancestrais de seres humanos que ali viveram há 45 milhões de anos, os mais antigos até agora encontrados. Antes disso, em Yuanmou, na Província de Yunnan, havia sido encontrado um fóssil com 1,7 milhão de anos. Porém, os sinais de civilização vieram bem mais tarde, há 7 mil anos, na Era Neolítica, nos períodos Yangshao e Longshan, ainda sendo pesquisados. Já bem documentada, a primeira dinastia, a dos Xia, reinou há quase 5 mil anos entre os séculos 22º e 17º a.C. (na China, a.n.e. – Antes da Nossa Era).

Roberto Campos
Em abril (dia 17), o embaixador, ex-ministro e ex-deputado Roberto Campos, completaria 100 anos, fato largamente comentado por toda a mídia. Campos, que também era colega do colunista no quadro de editorialistas do O Globo, sempre demonstrou interesse pela modernização dos portos, considerada básica para a exportação. Assim, enviou o meu livro sobre o assunto, como colaboração, ao presidente Itamar Franco, que agradeceu atenciosamente em ofício de 06/11/1992, em papel timbrado da República: “Caro Roberto. Tenho em mãos seu livro Comércio Exterior e a Questão Portuária. O tema é momentoso e sua abordagem, em trabalho de alto valor técnico, constitui valiosa fonte de subsídios para uma reflexão sobre o projeto de modernização dos portos”. O engano de pensar que o autor do livro era o bem mais qualificado Roberto, talvez tenha sido frutífero, ajudando, logo depois, na expedição pelo presidente Itamar da tão desejada Lei nº 8.630, de 25/02/1993, conhecida como de modernização dos portos.

Hotéis-Cassino
Em 1946, quando Dona Santinha pediu ao seu esposo, o general-presidente Dutra, que fechasse os cassinos, o motivo religioso era o único existente. Decorridas essas sete décadas, a religião dividiu-se – hoje são 67.951 igrejas/organizações religiosas com tendências diferentes (O Globo, 26/03/2017) – e ficou mais branda, condescendente, embora permaneça influente, com bispo no governo do Rio, líder do governo na Câmara e emblemas religiosos por todos os tribunais de Justiça, inclusive no STF. O progressista papa Francisco deve ter influenciado, pois vive cercado de cassinos na Itália e em sua terra natal, a Argentina, sem opinar sobre o assunto.

O novo (e único) argumento contra a necessária reabertura dos cassinos, a tal lavagem de dinheiro/transferência para o exterior, tornou-se ridículo em face dos inúmeros métodos criados para esconder/aplicar e remeter recursos ilícitos para fora. Sem hotéis-cassinos, nesses últimos anos, incluindo investigação feita pelo governo americano – com as fraudes apuradas pelas operações realizadas (Lava Jato, Calicute etc.) –, foram transferidos para o exterior ilegalmente mais de US$ 8 bilhões, por empreiteiras, agências bancárias e outras empresas, inclusive uma cervejaria. Até o criativo ex-deputado Cunha e o ex-governador Cabral criaram sistemas próprios: o primeiro tem conta na Suíça sem título e o outro aplicou o dinheiro ilícito em barras de ouro, pedras preciosas e joias, que pode levar para onde quiser. Por outro lado, será difícil acreditar que as multinacionais de hotéis-cassinos que dominam o setor na escala mundial (Intercontinental, Sheraton, Accor, Hilton, Swiss Hotels, GM, Trump etc.) irão concordar em manipular dinheiro escuso de contraventores (bicho) ou de políticos corruptos.

No mundo
A coluna sempre se posicionou contra a atrasada proibição dos jogos de azar, deixando para os países vizinhos e outros as vantagens no turismo/arrecadação/emprego. A edição 418 (12/2007) informava que “no litoral o verão começava com a participação de 154 transatlânticos todos com luxuosos cassinos (roletas, bacará etc.)”. No ano seguinte, a edição 429  (11/2008), em nota, assinalava que o “Brasil estava na contramão das nações industrializadas e demais emergentes, inclusive China e Rússia, prejudicando o turismo”. E acrescentava que além “dos países originários dos cassinos flutuantes que navegam no litoral os vizinhos Argentina, Uruguai e Paraguai – onde o jogo legalizado é grande fonte de renda – também se regozijam com esse atraso do sistema brasileiro”.

No mundo atual, com cassinos, Estados Unidos, China, França, Itália, Alemanha, Japão, Espanha, Portugal e mais 150 países da OMT. Sem cassinos, Bolívia, Haiti, Cuba, países islâmicos e o Brasil.

(Carlos Tavares de Oliveira é jornalista e consultor de comércio exterior)

Fonte: http://semfronteiras.com.br

Quinta Feira - 18/05/2017

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